“Quanto mais velha melhor”! Certamente, essa é uma das frases mais escutadas quando se fala de cachaça, bebida tipicamente brasileira. Neste texto separamos uma breve explicação dos diversos tipos de madeiras utilizados no seu envelhecimento.
O envelhecimento da cachaça é uma prática que possibilita a modificação da sua cor, sabor e aroma. Isso acontece em função dos diversos tipos de madeiras e suas habilidades de mudarem as características sensoriais da bebida. E tudo isso de acordo com o gosto do produtor e, claro, do consumidor.
Amburana
A amburana é um dos tipos de madeira mais utilizado no processo de envelhecimento. Também é conhecido como cerejeira, e pode ser encontrada no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do país.
A cachaça envelhecida em Amburana é bem conhecida e comercializada em grande escala no Brasil. A característica atrelada ao seu sabor é um gosto levemente adocicado, que se dá devido ao fundo floral característico dessa madeira, com de um toque de aroma de baunilha e canela.
A Amburana baixa a acidez do destilado e diminui a sensação alcoólica, tornando-o tão suave quanto um cetim. Quanto a cor, confere a ele um tom amarelado bem claro, mas ainda sim muito vistoso.
Carvalho
O carvalho é a madeira mais utilizada no mundo para envelhecer destilados, sendo a peça chave na composição de bebidas como o Whisky, por exemplo. Seu crescimento e cultivo pode ser encontrado no hemisfério norte do nosso planeta (América do Norte e Europa).
Destas espécies, as mais utilizadas pelo ramo da cachaça são o Carvalho Europeu e o Carvalho da América do Norte.
Os barris de carvalho americano são comumente importados de fábricas que produzem o Bourbon, de modo que, ao chegar no Brasil ainda restam nesses barris uma sobrevida muito marcante dessa bebida. A cachaça envelhecida nesse tipo de madeira tende a apresentar aromas de mel, baunilha e frutas secas. O destilado passa a ter uma coloração mais amarelada e um sabor notoriamente amadeirado.
Já o Carvalho Europeu: fornece à cachaça cores que vão do amarelo-pálido ao mogno e aromas mais sutis e temperados, lembrando amêndoa, e adocicados, confere também um paladar com toques de baunilha, figo e mel. Além disso, a coloração da bebida assemelha-se com o âmbar o carvalho europeu é a madeira mais usada no envelhecimento de cachaça.
Balsámo (Myroxylon balsamum)
Talvez você tenha ouvido falar de outros tipos de madeira, como Cabriúva ou Pau-bálsamo, certo? Pois bem, é tudo a mesma coisa! Esta madeira é natural desde o Sul da Bahia até o Rio Grande do Sul.
A cachaça envelhecida em Cabreúva possui uma cor amarelo-esverdeado. Isto ocorre pelo seu aroma ser bastante característico, remetendo a odores mais frutados que lembram ameixa seca e especiarias.
Pau-bálsamo, cabriúva, bálsamo-caboriba, pau-de-óleo e cabriúna- preta
Risco de extinção: Em perigo: risco alto de extinção a curto prazo.
Descrição sensorial: Em barris novos, chega em tons âmbar-avermelhados e sabores amadeirado e vegetal. Nas cachaças envelhecidas por muitos anos em tonéis antigos e de grande volume, a cachaça assume uma cor dourada com tons esverdeados e aromas intensos, trazendo notas herbáceas e de especiarias, como anis, cravo e erva-doce, e também a sensação de picância e adstringência ao destilado.
Madeira muito usada para envelhecimento de cachaça no norte de Minas Gerais, como a famosa cidade de Salinas. O bálsamo traz muita especiaria (rico em eugenol), frutado e tânico. É uma madeira resinosa, que, assim como a amburana, merece atenção e períodos mais curtos de envelhecimento acelerado para não ficar intragável. Sua tosta reduz a intensidade tânica e eleva seu dulçor em equilíbrio com as especiarias (cravo).
Amendoim
O Amendoim é um dos tipos de madeira que se encontra em risco de extinção. Sua tonalidade é avermelhada e se trata de um material pesado e resistente.
A cachaça cultivada neste tipo de madeira apresenta um tom amarelado muito suave. Ao paladar, confere um sabor adstringente e menos ácido.
Essa madeira também propõe um melhor cultivo do sabor da cachaça branca, destilado muito usado para o preparo de drinques que acompanham em sua receita sabores cítricos, como a caipirinha.
Jequitibá
O Jequitibá é bastante encontrado no Brasil, mais precisamente no Acre, Centro-Oeste, Sul da Bahia e também no Sul do país.
O Jequitibá branco, em questão de cultivo do envelhecimento da cachaça, é melhor indicado para o processo, pois intensifica a cor mais clara da cachaça, além do aroma imperceptível.
Já o Jequitibá Rosa, por sua vez, oferece cor dourada à bebida, além de sabores e aromas agradáveis que podem competir, inclusive, com o carvalho americano.
Descrição sensorial: Cor, aromas e sabores pronunciados ao destilado se envelhecido em barris de pequeno porte. Pela presença de vanilina, que agrega notas de baunilha à cachaça, é considerada a madeira nacional que mais se assemelha ao carvalho americano.
Castanheira
A castanheira é conhecida popularmente como “o carvalho brasileiro” por ser rica em vanilina, trazendo aromas associados a junção do tostado com baunilha, chocolate e caramelo. Após tosta reduz também sua intensidade vegetal de madeira nova e enriquece a percepção sensorial de castanhas.
A castanheira está em extinção e tem seu corte proibido – fique atento de comprar apenas de tanoeiros com certificação.
Jatobá
Também conhecida como copal, courbaril, jataí, jataíba, jatobá-curuba, jatobazinho, jutaí-açu, jutaí-do-igapó, jutaí-grande, jutaí-mirim, jutaí-vermelho e quebra machado. É encontrado em quase todas as matas nativas do País.
Características sensoriais da madeira: Cerne e alburno distintos pela cor, cerne variando do castanho-amarelado ao castanho-avermelhado, alburno branco-amarelado; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade alta; dura ao corte; textura média; superfície pouco lustrosa.
No envelhecimento da cachaça: Madeira que transforma muito a cachaça e recebe tom alaranjado, forte e de maciez acentuada.
Eucalipto
Originário da Austrália, adaptou-se muito bem ao clima e às terras do Brasil. É objeto de estudos das universidades e instituições de pesquisa sobre o aproveitamento de madeiras adaptadas às condições brasileiras. As primeiras pesquisas com diversos tipos de eucalipto indicaram resultados na cachaça semelhantes ao carvalho, restando ainda o aprofundamento nas análises químicas e sensoriais. É madeira de reflorestamento e apropriado para barris de envelhecimento é a espécie eucalipto lima, ainda raro no Brasil.
Características sensoriais da madeira: Cerne e alburno distintos pela cor, cerne castanho-rosado-claro, alburno bege-rosado; pouco brilho; cheiro e gosto imperceptíveis; densidade baixa; macia ao corte; textura fina a média.
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